quinta-feira, 1 de julho de 2010

Terapeuta do Mês - Josefina Campos

1) Quem é Jo?
Uma aprendiz da vida. Uma pessoa que, como qualquer outra, é feita de seus paradoxos, como, por exemplo, acreditar na força curativa da solidão (no sentido de marcar encontro consigo mesmo) e, ao mesmo tempo, crer que “a vida é a arte do encontro...” – inclusive com o outro (no sentido do carinho, da solidariedade, da compaixão e do perdão). Alguém que gosta de compartilhar saberes, fazeres e, acima de tudo, “sentires”.

2) Como você chegou ao Gerar?
Foi uma escolha bem cautelosa e, ao mesmo tempo, natural. Eu já fazia um trabalho clínico, que seguia paralelo a uma atividade com vínculo em empresa. Por questões circunstanciais, precisava definir apenas um espaço de trabalho. Em 2004, escolhi suspender minhas atividades na clínica, para retomá-las mais tarde. Exatamente porque tinha tido esta experiência de muitos anos em uma empresa de rotinas muito estressantes, quando pensei em retornar ao atendimento clínico, um dos meus critérios primeiros foi estar num espaço que inspirasse profissionalismo e também paz, flexibilidade, cooperação etc – tudo que pude perceber no Gerar. Em maio de 2006, cheguei aqui através da minha amiga-irmã Patrícia, antiga parceira de consultório e de outros trabalhos de grupo.

3) Qual a terapia que você oferece no Gerar e como é o seu trabalho ?
Faço o atendimento clínico psicoterápico a adultos e adolescentes, facilitando esses processos, ou seja, esses encontros do eu consigo mesmo. Com o passar do tempo vamos agregando ao trabalho alguns saberes, a partir da nossa qualificação. Por isso penso duas vezes quando o assunto é apontar a abordagem que utilizo, mas posso afirmar que a ACP (de Carl Rogers) foi e será sempre uma referência profissional de base pra mim, principalmente porque propõe o acatamento integral da experiência do outro, assim como o acreditar no seu potencial de auto-atualização. Uma leitura analítica, baseada nos estudos Junguianos de arquétipos, vem apoiar a compreensão de temas e mitos (centrais e subjacentes) que possam estar sendo representados. Igualmente importante é visualizar a parte isolada da psique (sombra), que vem se revelar na forma de infortúnio e sintoma, estando assim “pedindo” para ser acatada, em busca do ser integral.

Os principais instrumentos de trabalho de um terapeuta são uma escuta astuta e um olhar atento, a serviço do outro. Assim, se compararmos as construções de um processo terapêutico a um bordado, este será feito pelas mãos do próprio cliente. As linhas e suas várias nuanças, no entanto, são compartilhadas a quatro mãos, a quatro olhos etc, ou seja, trata-se de uma construção que se faz a partir da interação desses dois seres – cliente e terapeuta - que constituem esta riqueza a que chamamos, no trabalho clínico, relação terapêutica.

4) Além de atender no Gerar, você também participa ativamente de outras ações desenvolvidas pelo espaço. Fala um pouquinho sobre essas ações.
Vou falar do que eu fiz e do que vou fazer (rsrsrs), porque no momento estou só com o atendimento clínico. Realizei um Grupo de Gestantes – Cuide-se Bem na Gestação (junto com a arteterapeuta Priscila Maranhão). Foi um trabalho multidisciplinar, que contou, além de nós, com a participação de massoterapeuta e enfermeira. Ali, promovemos encontros e vivências para as gestantes e suas famílias, numa abordagem sistêmica do processo. Foi uma experiência muito válida, inclusive para os papais. Pretendemos retomá-la em breve, mas não temos data prevista para isto.

No segundo semestre, estarei iniciando um Grupo de Estudo em Educação Ambiental – ANDAR COM FÉ, numa tentativa que vai além das orientações da práxis e que contempla o resgate do sentimento de pertença e de auto-consideração na percepção de suas relações com o sistema - entendendo a nossa própria vida como um subsistema de um sistema maior. A intenção é sair da visão antropocêntrica para a visão biocêntrica. Pretendo favorecer aos participantes a apropriação de uma ética espontânea, anterior a uma ética moralista, já tão bem desenvolvida em alguns espaços – a lei, a polícia - mas tão facilmente transgredida também. Entendo que de nada adianta discutir condutas, se não discutimos valores, de maneira integral.

5) O que mais você acha importante ressaltar?
Muito legal falar um pouquinho deste trabalho tão fascinante! Quero agradecer a todos e antecipar um convite: em Agosto estarei lançando um livro meu e de meu pai – Transgerações, Dois Dedos de Prosa e Poesia.
A tarde de autógrafos deverá acontecer no Gerar e quem quiser chegar perto, será muito bem vindo. Ainda não posso confirmar a data (prevista para 06.08) que, por questão de prazo para conclusão da edição, poderá mudar. Garanto que em breve o convite vai seguir com todos os detalhes.